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Quebrando mais um mito em Buenos Aires

El Calafate e Buenos Aires, 14 de Fevereiro de 2013

Saindo da Patagonia

Por e-mail e com antecedência de dois dias, reservei uma vaguinha numa das vans da VES PATAGONIA, o transfer El Calafate x Aeroporto mais em conta que eu havia encontrado. Era hora de deixar a Patagônia e partir pra capital, Buenos Aires. Mentalmente eu havia cumprido minha missão. Ushuaia e El Calafate foram o real foco dessa viagem e considero que eu aproveitei bem. Entretanto, eu ainda tinha dois dias. Queria ver a Bombonera do Boca Juniors e dar um pulinho no Uruguai que fica do lado de lá do Rio da Plata.

Deixando El Calafate
Boarding Pass El Calafate X Buenos Aires
Mapa numa das paredes do aeroporto de El Calafate

Fotografando, sentado, esperando a fila diminuir
O voo El Calafate x Buenos Aires teve um início bastante tenso. Peguei talvez a segunda turbulência mais sinistra que consigo me lembrar... Foi aquela turbulência de decolagem que parece que o avião não vai se firmar no céu. Graças a Deus, se você está lendo isso significa que, no final das contas, eu sobrevivi! Não só sobrevivi como tive uma aterrisagem super macia no Aeroparque em Buenos Aires. Parecia até que a pista era continuidade do céu. Não sentimos o trem de pouso tocando o chão!

O engraçado dessa história da turbulência é que antes de chegar a Patagônia algumas pessoas me alertaram sobre a instabilidade dos céus de Ushuaia e as prováveis turbulências que eu poderia enfrentar ao chegar e sair de lá. No final das contas, lá no Fim do Mundo nada aconteceu. As nuvens carregadas esperaram pra me encontrar em Calafate! rs

Chegada a Buenos Aires

Não vou ousar aqui falar muito de Buenos Aires pois vi pouco da cidade. Adianto que o que vi me agradou mas já cheguei tomando um banho, trocando de roupa e partindo pra La Boca, bairro onde fica o estádio do Boca Juniors, a Bombonera. O Boca é o Flamengo na Argentina. Time mais tradicional, de maior torcida e com maior número de títulos! rs É também o maior rival do River Plate, aquele que mostrei aqui no primeiro dia dessa viagem.

No caminho do Aeroparque pro hotel

Taxi de Buenos Aires, transito parado e chuvisco

Teatro Colón pelo vidro molhado

Teatro Colón pelo vidro molhado
O bairro La Boca é considerado perigoso pelos locais e também por todos os brasileiros que conheço que passaram por lá. Recebi inúmeras recomendações pra ir pra lá na luz do dia, de taxi, estar sempre atento e etc. Agradeço todos esses conselhos e concordo que temos que tomar sempre cuidado redobrado onde a gente não conhece. Porém, resolvi ousar. Eu moro no subúrbio do Rio de Janeiro e ando muitas vezes por lugares que dispensam apresentação.

Por isso, imaginei que La Boca poderia até ser perigoso mas duvidei que fosse muito diferente do que estamos acostumados no Rio. Fui pro ponto de ônibus com a câmera e o case nas mãos, perguntei e descobri que o BUS 64 passava perto da Bombonera.

Um cara me passou algumas orientações sobre como chegar lá e, inclusive, me ajudou a pagar o ônibus que, além de só aceitar moedas, tem uma tarifa bem mais cara para quem não possui o cartão de transporte da cidade (Buenos Aires Card??? rs). O porteño pagou a minha e a dele e depois que passamos a roleta entreguei umas moedinhas no valor da passagem de cartão pra ele.
Casa Rosada, onde mora Cristina, vista da janela do bus 64

Tirando foto dentro do bus 64
O porteño camarada desceu antes de mim mas até onde fomos conversamos um pouco sobre futebol e sobre as nossas cidades. Ele era torcedor do River Plate. Não estava muito contente que eu estava indo visitar o Boca até saber que eu já tinha passado pelo estádio do time dele também. rs Ele ainda comentou sobre o clima de Buenos Aires. Segundo ele, de uns anos pra cá, a cidade tem assumido um clima tropical no verão que costumava ser bem mais ameno. Realmente estava bastante calor na capital argentina. Muito diferente da friaca de Ushuaia e El Calafate.

Quebra de um mito

Depois que o cara desceu fiquei pensando em como crescemos acreditando em mitos e contos dos outros, e muitas vezes sem experimentar por nós mesmos acabamos tomando aquilo como verdade. Esse cara que me ajudou no ônibus, as hermanas Molinero, Francisco Rocca, Victoria Scherger, Damian ... durante a viagem conheci vários porteños que contradizem completamente aquilo que eu ouvia e, de certa forma, acreditava sobre a personalidade dos argentinos, especialmente dos argentinos de Buenos Aires. Essas pessoas realmente me passaram uma imagem muito boa dos cidadãos da capital.

Pode ter sido sorte minha mas essa experiência quebrou mais um mito pra mim. Lembro que antes de ir pra Paris também ouvia muito que se eu não falasse francês dificilmente obteria informações e ajuda das pessoas. Outro mito quebrado... Chegando com jeitinho, sempre com um bonjour, conseguimos as coisas por lá. Estou aprendendo que viajar tem mais essa vantagem. Temos que ver as coisas por nós mesmos e também entender que as experiências dos outros não são regras que normatizam uma situação seja ela positiva ou negativa. Cada um é cada um. Cada vida uma história. Nada de generalizar!

O post ficou meio grande então continuo falando do Boca Juniors no próximo!

Abcs

Renato Vieira

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