Quando saímos do porto de Ushuaia ontem depois do passeio de barco pelo Canal Beagle, Simona e Inbal me disseram que tinham planos de ir até a Laguna del Caminante no dia seguinte, bem cedo, hitchhiking, ou seja, pedindo carona para desconhecidos na estrada. Apesar de admirar muito esse espírito aventureiro delas, falei que talvez não fosse até porque poderia atrasá-las já que na minha cabeça dar carona pra duas meninas seria bem mais fácil do que dar carona para um marmanjo. Peguei o contato delas, nos despedimos e fui pro albergue ver o que faria no dia seguinte.
Ushuaia, Tierra del Fuego, 6 de Fevereiro de 2013
Decidi visitar a Ilha Martillo (nome visto nos mapas) ou Ilha Yécapasela nome original indígena. De especial nessa ilha, nada mais nada menos que uma colônia gigante de pinguins! Assim como os leões marinhos de ontem, pinguins são outros animais míticos para nós brasileiros que, desde a nossa infância, só os vemos pela TV! Nesse passeio, finalmente, teria a oportunidade de vê-los ao vivo!
O dia amanheceu gelado e ensolarado em Ushuaia |
Estancia Harberton
Apesar dos pinguins serem animais livres, a Isla Martillo é privada. Hoje a ilha faz parte da Estancia Harberton, uma enorme fazenda/rancho que pertence a quarta geração da família de Thomas Bridges, primeiro missionario anglicano a se estabelecer na Tierra del Fuego a partir de 1863. O nome Harberton seria uma homenagem ao vilarejo onde a esposa do missionario vivia na Inglaterra.
Lucas Bridges, filho de Thomas, escreveu um livro que tentei achar em inglês em Ushuaia mas só achei em espanhol e acabei não comprando. Chama-se "The Uttermost Part of the Earth" ou “El último confín de la Tierra” em espanhol. O livro possui relatos das aventuras da família de missionários pela Tierra del Fuego e seu dia-a-dia de contato com os extintos nativos. Quem me indicou esse livro foi Trey, um tradutor americano muito maneiro que mora em Buenos Aires e estava no meu quarto no albergue em Ushuaia esperando a partida de um navio pra Antartica pro qual ele havia comprado passagem para dois dias a frente.
Toda essa explicação sobre a Estancia Harberton foi pra introduzir que esse é um dos passeios mais caros de Ushuaia. Afinal, a ilha é privada, os pinguins estão lá, todos querem ver os pinguins! Consequentemente, os Bridges cobram o que eles quiserem. Nada impossível de pagar somente fora da curva média dos preços das excurções.
Assim como no passeio de ontem, o ponto de partida foi novamente o porto de Ushuaia. No entanto, dessa vez não saímos de lá de barco. De 4x4 pegamos a Ruta Nacional número 3, que é uma das estradas que compõe a Ruta Panamericana ligando o Alaska a Ushuaia. Em seguida, entramos na Ruta Complementar J, uma estrada alternativa criada numa época de conflitos fronteiriços entre Argentina e Chile. A vista da janela do 4x4 era fantástica! Muito aquilo que eu imaginava que a Patagonia era quando na minha época de adolescente.
Paradinha na estrada para ver as árvores tortas pelo vento |
Paradinha na estrada para ver as árvores tortas pelo vento |
Paradinha na estrada para ver as árvores tortas pelo vento |
Chegamos então na Estancia Harberton, um lugar pacífico e pitoresco as margens do Canal Beagle de onde partiríamos de lancha para a Isla Martillo ou Isla Yécapasela. Em menos de 15 minutos a engraçada guia abriu a escotilha da lancha de onde já consegui avistar e filmar alguns dos bichinhos!
Um pouco da Estancia Harberton |
Um pouco da Estancia Harberton |
Um pouco da Estancia Harberton |
Um pouco da Estancia Harberton |
Um pouco da Estancia Harberton |
Pinguinera
Ao sair da lancha vimos milhares de pinguins pegando um solzinho super gelado às márgens da Ilha! Registrei esse momento mágico em um vídeo de alta definição.
Começamos a andar pela Ilha onde a guia ia nos explicando como os pinguins vivem e suas diferentes espécies. Ela também comentou sobre as correntes marítimas que, de vez em quando, levam uns e outros desses pinguins lá pra cima, bem ao norte, para as praias de uma cidade chamada Rio de Janeiro. :)
Vai encarar? |
Curtindo um visual |
Não podíamos tocar os pinguins nem fazer movimentos bruscos. Existem lugares demarcados onde podemos pisar e, se não respeitarmos, podemos acabar destruindo esconderijos escavados pelos bichinhos.
De volta a Estancia Harberton, visitamos o museu Acatushún, que exibe esqueletos de diversas espécies de animais marinhos como orcas, golfinhos, leões marinhos e pinguins é claro. O valor pago pra visitar a ilha Yécapasela inclui essa visita ao museu que é guiada por estudantes universitários voluntários. Para minha surpresa, na recepção do Acatushún trabalhava uma brasileira que estava vivendo no Fim do Mundo.
Ingresso Museu Acatushún em mãos |
Vista pra fora do Museu Acatushún |
Esqueleto de Leão Marinho |
Esqueletos de baleias |
Voltei conversando com outra Israelense que conheci durante a viagem de ida, chamada Hadas. Ela estava com dois amigos também de Israel. Os três estavam exatamente na mesma situação que Inbal e Simona haviam me falado no dia anterior. Acabaram de ter dispensa do serviço militar e estavam rodando a América Latina. Os meninos já tinham inclusive visitado o Rio de Janeiro. Hadas ainda iria. O engraçado disso é que até ir para Ushuaia eu só tinha conhecido um israelense lá no Che Lagarto de Trindade duas semanas antes de ir pra Argentina. Agora a contagem já estava em cinco só em dois dias!
Amigo da Hadas quase sendo bicado pelo Pinguim ...rs |
Esse passeio todo durou umas 5hs e foi muito top! Valeu cada centavo ter, finalmente visto os pinguins! Também estava com sorte com relação ao tempo! Apesar do frio, o dia estava bem aberto e ensolarado o que me ajudou a tirar boas fotos!
É isso, no próximo post mais histórias do fim do mundo.
Abcs
Renato Vieira
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