Antes de dormir no dia anterior voltei a recepção do albergue onde existe um cartaz com dezenas de atividades / excursões com seus respectivos preços e horários de saída. Devido a sua localização extrema, o tempo em Ushuaia é bastante instável e normalmente não é recomendado agendar passeios com muita antecedência para não dar azar de pegar um dia chuvoso. Na verdade, em Ushuaia, num mesmo dia você pode pegar períodos de chuvarada e ventania e pouco tempo depois períodos de céu aberto e sol. As previsões do tempo pra lá são geralmente incapazes de serem precisas e o próprio albergue adverte isso. Sendo assim, fui pra Terra do Fogo sem reservar nenhum passeio. A ideia era acordar de manhã e durante o café decidir o que fazer de acordo com os céus do Fin del Mundo.
Aviso no balcão da recepção do hostel Freestyle |
O italiano da recepção me indicou os passeios clássicos em meio a inúmeras opções. Decidi começar pelo passeio de barco pelo Canal Beagle, canal esse que liga as águas do Oceano Atlântico as águas do Oceano Pacífico no extremo sul do nosso continente. O que mais me chamou atenção nessa excursão foi o fato de podermos visualizar de perto uma colônia de leões marinhos em seu habitat natural. No final das contas, acabei descobrindo que o passeio era bem mais que isso!
O passeio de barco pelo Canal Beagle durava 4hs e tinha saídas as 10AM, 3PM e 7PM. Por estar no extremo sul do mundo, Ushuaia tem dias bastante longos durante o “verão” deles. Fica claro por volta das 5AM e escurece por volta das 10PM. Resolvi me beneficiar desse artifício e escolhi pegar o passeio das 3PM. Assim consegui dormir mais um pouco, dei uma boa caminhada, tirei fotos da cidade e almocei antes de zarpar.
Vista da Baía de Ushuaia |
Ushuaia, Fin del Mundo |
Montanha nevada em pleno verão |
Fazia bastante frio em Ushuaia. Quando falei que o tempo por lá é instável me referia a alternância entre períodos de chuva e sol. A temperatura em si não varia muito. Pelo que percebi fica entre frio e muito frio em qualquer época do ano. Durante passeios de barco a sensação térmica é ainda menor por causa do vento. Voltei pro albergue, dei uma reforçada na roupa e fui novamente pro Porto de Ushuaia de onde eu e mais oito pessoas partimos pra dentro do Canal Beagle.
Amigas alemães que estavam no barco |
Na lancha estavam duas meninas alemães, uma argentina, um italiano, o guia e o piloto que também eram argentinos, duas Israelenses e eu. Acabei conversando mais com as meninas de Israel que me contaram que já estavam viajando pela América Latina há dois meses se bem me lembro. Simona, 23 anos e Inbal, 22 anos, já tinham passado por Peru, Bolívia e Chile sendo que muito dos percursos que elas fizeram foi pedindo carona na estrada. Bem corajosas elas! Ushuaia era a terceira ou quarta cidade na Argentina que elas estavam visitando.
Elas me explicaram também que é muito comum em Israel os jovens terminarem o ensino médio, cumprirem o período obrigatório de serviço militar e partirem para uma longa viagem antes de voltar pro país e começar num emprego e/ou faculdade. Os destinos mais comuns para essas viagens dos jovens Israelenses são os países da América Latina, Tailândia, Índia e etc.
O passeio de barco pelo Canal Beagle basicamente nos leva da Isla Grande de Tierra del Fuego, onde fica a cidade de Ushuaia, até outras ilhas menores da província. Paramos em três dessas ilhas começando pela Isla de los Lobos onde nos aproximamos de uma colônia de leões marinhos que ali vivem. As imagens são muito bonitas mas o cheiro nem tanto! Além das fotos fiz alguns vídeos em alta definição.
Em meio a tantos leões marinhos também vimos corvos-marinhos que, a primeira vista, parecem até pinguins. Também fizemos uma parada pra ver o Farol do Fim do Mundo que fica na segunda ilhota do percurso.
Faro Les Ecleireus - O Farol do Fim do Mundo |
Na terceira e última parada antes de voltar a Ushuaia saímos do barco e caminhamos por uma ilha onde o guia nos mostrou um pouco da vegetação típica da Patagônia e nos contou histórias de como os Yamanas, índios originais da Tierra del Fuego, viviam harmoniosamente naquele lugar remoto e frio e, eventualmente, acabaram extintos por causa de doenças trazidas pelo homem branco. Diz a lenda que os exploradores europeus transmitiram doenças para os Yamanas através de roupas que obrigavam os índios a vestirem já que entendiam ser imoral a ausência de vestimentas dos habitantes locais.
As israelenses Simona e Inbal |
Eu na ilhota |
Durante a viagem de volta pra Ushuaia conversamos bastante e tomamos um chocolate quente pra esquentar a friaca. O primeiro passeio em Ushuaia foi show de bola e a expectativa ia aumentando para as próximas aventuras patagonicas no Fim do Mundo.
Continuo no próximo post!
Abcs
Renato Vieira
Comentários
Assisti o primeiro vídeo dos leões marinhos e percebi o quanto ventava lá! E parecia estar bem frio também!
O lugar é muito bonito! Gostei muito do relato!
Grande abraço!
Felipe - www.fotografiasdepaisagens.com